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Decálogo pós fotográfico

 

         1- sobre o papel dos artistas: não se trata de produzir obras, mas sim prescrever sentidos

         2- Sobre a atuação do artista: o artista se confunde com o curador, com o colecionista, com o docente, o historiador da arte, o teórico…. ( qualquer faceta da arte é camaleonicamente autoral ).

         3-Na responsabilidade do artista: se impõe uma ecologia do visual que penalizará a saturação e alentará a reciclagem

         4- Na função das imagens: prevalece a circulação e gestão da imagem sobre o conteúdo da imagem

         5-Na filosofia da arte: se deslegitimar os discursos de originalidade e se normalizam as prática apropriacionistas

         6- Na dialética do sujeito: o autor se camufla ou está nas nuvens ( para reformular os modelos de autoria: coautoria, criação, colaborativa, interatividade, anonimato estratégicos e obras órfãs ).

         7- na dialética do social: superação das tensões entre privado e público

         8- No horizonte da arte: se dará mais força aos aspectos lúdicos em detrimento de uma arte hegemônica que fez da anedonia  o solene + chato ) sua bandeira

         9- Na experiência da arte: se privilegiam práticas de criação que nos habituarão à desapropriação: compartilhar é melhor do que possuir

         10_ na política da arte: não render-se ao glamour e ao consumo para inscrever-se na ação de agitar consciências. Em um momento que predomina uma arte convertida em mero gênero de cultura, obcecada na produção de mercadorias artísticas e que se rege pelas leis de mercado e pela indústria do entretenimento pode ser bom retirá-la de debaixo dos holofotes e tapetes vermelhos para devolvê-la às trincheiras.

 

  • estética do acesso - acesso ilimitado a qualquer imagem - necessário uma nova higiene da visão ( trabalho de Penélope Umbrico - por do sol )

 

O autor na nuvens

 

  • fotografia de animais - condição autoral mais focada no prescrever do que no fazer ( Duchamp e o ready made )

  • atribuição de significados às obras órfãs ( street view, câmeras de tráfego, câmeras de segurança, etc )

  • há socialização da autoria ou que a pulveriza nas nuvens

 

Atlas e serindipidades

 

  • Serindipidades - acontecimentos aleatórios, descobertas ocasionais, acontecem com todo mundo e a toda hora. Serendipidades que podem virar inovação ( maça de Newton, etc ) - insights

  • o olhar documental pode se bifurcar em duas metodologias complementares - uso de imagens em street view, percursos virtuais para pesquisa em outros países

 

 

Identidades à la carte

 

  • plasticidade maleável da identidade - antes nome caracterizava o indivíduo, hoje facebook 

  • retratos e auto-retratos se multiplicam e se colocam na rede expressando duplo impulso narcisista e exibicionista que dissolve a membrana entre o privado e o público.

  • vontade lúdica e exploratória prevalece sobre a memória.

  • retratos como puro gesto de comunicação , não mais são recordações ou quase relíquias, extensões do ser amado.

 

 

“A pós fotografia é o que resta da fotografia”

Quadro comparativo segundo Joan Fontcuberta entre fotografia analógica e pós fotografia

 

Fotografia analógica ( sólida )

 

  • índice do real

  • diálogo com o tempo

  • imanência/imortalidade

  • momentos excepcionais

  • estabilidade/persistência

  • reflexo/identidade

 

FOTOGRAFIA = CAPTURAR SENTIDO

 

Pós fotografia ( líquida )

 

  • acumulação / esquecimento / apropriação / reinscrição

  • momentos banais

  • transitoriedade / perenidade

  • plasticidade / simultaneidade

  • transmidiação

 

FOTOGRAFIA = PRESCREVER SENTIDO ( não produzir, mas agregar sentido ao produzido )

 

A síndrome de Hong Kong

•demissão de fotógrafos dos jornais de Hong Kong

•mais fácil ensinar foto aos entregadores ( moto ) do que esperar que fotógrafos superem dificuldades de locomoção ou cobrir custos de coberturas ( national geographic ), nasce o cidadão fotógrafo (convergência)

•mudança de cânone foto jornalístico - “darwinismo tecnológico” - velocidade prevalece sobre o instante decisivo, urgência da imagem prevalece sobre a qualidade da própria imagem

•consequentemente há massificação, poluição icônica que é retro alimentada pelo surgimento contínuo de novos modos dispositivos de captação visual ( de fácil apreensão, com mecanismos automatizados )

•hibridismo 

•há uma alteração profunda da experiência visual , portanto há uma naturalização dos modos de produção de imagens, extensões e formas de relacionamento, o especialista não é necessário ( alteração do estatuto da imagem )

 

 

 

Periferias da imagem

 

•estatuto das imagens

 

Wafaa Bilal - inseriu microcâmera na parte posterior do crânio para fotografar, uma encéfalocâmera - "The 3rd I" - fotografaria a cada minuto sendo vista em tempo real via streaming a partir de monitores de museu

 

  • imagens extraídas diretamente do cérebro e projetadas sobre uma tela - Computational Neuroscience Laboratories - filme a origem 

 

  • Não basta a transferência ontológica da substituição da prata pelo silício para a compreensão da imagem pós fotográfica, pois além de ter se desmaterializado, o processo de transferência dos bits criam uma transmissão e circulação vertiginosa

  • Novos usos vernaculares e funcionais frente a outros usos artísticos e críticos se colocam

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